O Carnaval virou data fixa do calendário belo-horizontino. Se antes era comum ouvir histórias sobre a cidade se tornar fantasma na época, ou da chance de andar nu pela avenida Afonso Penna sem ser notado, hoje em dia esperamos turistas.
Mas você sabia que o carnaval começou a ser festejado aqui praticamente antes de existir? Isso porque em 1897, os operários já construíam Belo Horizonte, que é uma das primeiras cidades planejadas do Brasil. E chegando o 28 de fevereiro, o espírito carnavalesco trocava as obras pelos blocos e desfiles.
De certa forma, o carnaval realmente ficou adormecido na cidade mais ou menos a partir da década de 70. A Banda Mole resiste há 42 anos, mas na década de 2000, por exemplo, vários desfiles de escolas de samba foram cancelados, e algumas escolas até deixaram de existir.
Até que em 2009, medidas impopulares da prefeitura acabaram por dar um pontapé na retomada do carnaval: desde ações como a proibição de eventos espontâneos na Praça da Estação ao episódio da “venda” de uma rua causaram indignação. E a forma de protesto foi carnavalizada: surgiram “blocos” como o da Praia da Estação e dos Filhos de Tcha Tcha.
O carnaval de Belo Horizonte parece ser a prova de que o brasileiro tem espírito de festa. Por mais que tenha ficado um tempo apagado, ele agora voltou a brilhar, e cada vez mais forte. O número de blocos aumentou em 30% e são esperados mais de dois milhões de foliões.
Não quer ficar perdido nesse mar de folia? Pegue o mapa de blocos para saber as datas e confira as dicas de blocos de rua que separamos para curtir o carnaval mais belo-horizontino de todos!
Nem tradicional família mineira, nem tradicional de muito antigos: juntamos aqui alguns blocos que ficaram tão fixos no roteiro dos foliões que, com certeza, vão ser o destino de todo mundo – nem só porque BH é um ovo. Então, se você está querendo fugir de muita gente, talvez é melhor fugir para os blocos alternativos.
Como não amar a combinação de Tim Maia e Jorge Ben em ritmo de carnaval? Com guitarras eletrizadas nos trios acompanhadas por bateria, costuma descer a avenida Afonso Penna a partir da esquina com Bernardo Monteiros.
É o Olodum de Belo Horizonte. E a proximidade não é só pelo ritmo afro-axezeiro, mas também pela história parecida: assim como Olodum foi uma quebra de um bloco maior, o Ilê Ayê, o Baianas também se dividiu por causa de discordâncias em relação a patrocínio por empresas, arrecadamento e formação da bateria: assim o Havayanas Usadas foi “parido”. Quer ver um mar de baianas-mineiras sacudindo o xique-xique? Vá até a Pça Liberdade!
“Gente é pra brilhar”, diria o Caetano – mas aqui quem comanda é o Mario, mesmo, de Super Mario Bros., brilhante depois de encontrar a estrelinha! Regido pelo músico Di Souza, o bloco se concentra assim que o Sol começa a brilhar, em frente ao Hotel Brilhante, na rua Guaicurus, para mais tarde se reunir ao Bloco da Praia da Estação.
“Chuta a Família Mineira” é o refrão do hino desse bloco que sozinho já é uma loucura: de Beatles ao axé nacional, no palco ou no trio elétrico, é um verdadeiro mash-up que solta o libertino de qualquer um. Costuma se apresentar em palcos na Praça Floriano Peixoto, mas pode sair com trios também.
Além desses, vários outros já se tornaram atrações certas do carnaval de rua, como o Bloco do Queixinho, o Bloco do Peixoto, o Juventude Bronzeada e outros.
No carnaval de Belo Horizonte você pode ter certeza que só encontra mesmice se quiser – e procurar muito! Até os blocos mais lotados são especiais e únicos. Mas esses a seguir são verdadeiras experiências só do carnaval belo-horizontino.
Então não se surpreenda se encontrar blocos que só saem de madrugada, que divulgam seu local só em cima da hora ou que propõem trajetos loucos nos lugares mais improváveis!
Esse bloco é a forma carnavalizada de um evento que é praticamente um fenômeno natural de Belo Horizonte: a Praia da Estação. Surgida também nos idos de 2009, como forma de protesto à restrição do uso da Praça da Estação, essa se tornou a verdadeira praia dos belo-horizontinos: molhando nas fontes ou no caminhão pipa comandado pelo Chapolim, prepare-se para molhar e bronzear deitado no cimento!
Imagine um bloco com trilha sonora de Filhos de Ghandy, do Gilberto Gil; agora imagine, além da música, todos vestidos e maquiados como hinduístas, tocando o melhor da New Wave brasileira: é o Pena de Pavão, ou P. P. K. para os íntimos. Costuma visitar bairros diferentes da cidade, e às vezes até outras cidades da Região Metropolitana! Por isso fique de olho.
Bom, já começa diferente pelo fato que é um bloco noturno: o “esquenta” é a partir de 20h; além disso, como o nome sugere, é um bloco ‘bicicletado’ – leve sua bicicleta e se prepare para uma pedalada única de carnaval; mas, não se preocupe se você não tem bike ou não sabe pedalar – o bloco vai no ritmo do pedestre, tanto que vira a madrugada!
Saindo da rua Magnólia, no bairro Caiçara, esse é um bloco jazzístico: com metais e tudo! Vale a pena conferir o carnaval nesse ritmo, além da fantasia da galera.
Não tem jeito, em Belo Horizonte não tem razão para quem diz não gostar de carnaval. Como o nome sugere, o bloco toca o melhor rock ‘n’ roll para alegria dos roqueiros.
Triângulos, zabumbas e seu nome não deixam sombra de dúvida: esse é o bloco mais arrasta-pé do carnaval! Ao som do melhor forró, é mais uma oportunidade de curtir um som diferente na folia – e talvez a única de dançar a dois! Costuma se concentrar no Carlos Prates, tradicional bairro residencial fora da avenida do Contorno.
Se o carnaval é democrático, até o Darth Vader pode sambar! Organizado pela Liga Jedi de Minas Gerais, certamente será o bloco mais intergalático do carnaval. Então prepare sua força, cavaleiro de Jedi e vai!
Sempre inovando em onde e como desfila, esse bloco faz do carnaval um momento de repensar a cidade e sua ocupação. Questiona na falta de ocupação cultural dos espaços públicos até a gestão do meio ambiente da cidade, como no ano passado, quando levou foliões para o bairro Ribeiro de Abreu para conhecer e lutar pelo Ribeirão da Onça. Não perca!
Também político, esse bloco discute os rumos das decisões públicas da cidade, principalmente aquelas sobre a moradia e as ocupações urbanas – a maior da América Latina está na nossa Região Metropolitana, a Izidora.
Além disso, o bloco propõe dar luz a “outras cidades” dentro de Belo Horizonte: no ano passado visitaram a Guarda de Moçambique Nsa. Sra. do Rosário. Vale a pena conhecer!
O nome não é literal: esse bloco homenageia a Single Ladies de Beyoncé e sua aculturação tecnobrega em “Hoje eu tô solteira”. Sim, esse é um bloco que toca de Bey a Valeska no ritmo de carnaval, para a alegria e visibilidade da população LGBT da cidade. Contando com Cristal Lopez como rainha da bateria, é imperdível.
A lista é interminável: o carnaval de rua de Belo Horizonte é realmente um fenômeno cultural. Além desses, recomendamos entre vários o Bloco Pula Catraca, o Corte Devassa, Bloco do Batiza, Alô Abacaxi e o Tchanzinho da Zona Norte.
O carnaval de rua de Belo Horizonte é uma festa cultural popular: é das pessoas, com ou sem abadá. Inclusive, o financiamento coletivo tem bancado equipamento e trio elétrico de vários blocos. Você com certeza encontrará o bloco que é sua alma gêmea, basta se jogar e não deixar o bloco passar!
Quais você mais gosta? Faltou algum imprescindível na nossa lista? Não deixe passar batido, comente no post – e aproveite para compartilhar aquela história de carnaval que todo mundo tem!
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