Se você recebesse um desconto com um tatuador gay, você iria? Ou se precisasse de doações de sangue, aceitaria dos homossexuais e transgêneros? Você iria a uma festa LGBT – ou teria medo de contrair AIDS? Afinal de contas, desde sempre o vírus HIV está associado com essa população. O Dezembro Vermelho é a data para se repensar isso.
Ainda uma epidemia, a AIDS ficou gravada na cultura LGBT devido ao senso comum; da música à literatura, os ídolos da juventude de toda uma geração se posicionaram a respeito. Embora seu surgimento tenha sido um trauma, ela afeta muito mais pessoas – e seu principal antídoto é a informação.
Mergulhe neste post para ter as principais informações sobre AIDS/HIV e entender melhor seu impacto na cultura.
Para grande parte das doenças, a informação é a primeira forma de prevenção e tratamento – e a AIDS é uma delas. Por isso é importantíssimo desmistificá-la, isto é, sair do senso comum. O HIV, sigla de Vírus da Imunodeficiência Humana, é o vírus que transmite a AIDS; ela, por sua vez, é a Síndrome Imunodeficiente Adquirida.
O HIV é o vírus – e nem todas as pessoas que o têm sofrem da síndrome (AIDS), pois nem sempre o vírus age. Nesse caso, são denominadas pessoas soropositivas. Coloquialmente se usa o termo “aidético” para se referir às pessoas portadoras do vírus ou da síndrome, mas isso é considerado ofensivo – afinal, não se chama o doente pela doença que tem.
O vírus é transmitido através de trocas de sangue e outros fluídos como o esperma e o leite materno. Por isso, qualquer pessoa pode se contaminar – independentemente de orientação sexual e sexo. Por isso ainda se considera a AIDS uma epidemia – veja mais abaixo para entender melhor.
A AIDS é considerada uma epidemia no Brasil. Isso significa que ela afeta uma grande população, ainda que esteja razoavelmente controlada. Particularmente, os jovens adultos têm se contaminado mais do que os mais velhos – a geração nascida na década de 90 é considerada mais vulnerável.
Isso certamente tem a ver com alguns mitos que circulam em torno da síndrome. Um deles, por exemplo, é que há “grupos de risco” para a transmissão – e que fora deles não há risco. Hoje não se fala mais em grupos, mas sim em comportamento de risco: por exemplo, não usar preservativos durante relações sexuais.
Infelizmente, a sociedade muitas vezes prefere tabus e senso comum à circulação da informação. Com isso, não se discute o contágio do HIV em função das suas formas de transmissão: o sexo não-seguro, o sexo entre homens, etc. Essa falta de informação surge e alimenta uma carga negativa que, além de marginalizar os soropositivos, acaba por facilitar a transmissão.
A carga negativa em torno da AIDS tem muito a ver com o seu surgimento, principalmente com a maneira que a mídia e os governos lidaram com o problema. Veja a seguir mais sobre isso.
Os primeiros casos de AIDS surgiram em um momento particular da história recente: no início dos anos 80, quando se passaram décadas desde as guerras mundiais e se colhia os frutos da revolução sexual. Grandes pautas estavam em debate, como o feminismo e o machismo, a sexualidade feminina e a homossexualidade.
Todavia, essas discussões ainda eram tabu para grande parte da sociedade: não à toa, se via isso como contracultura, encabeçada por questionadores como Madonna, cantores de rap, artistas e pensadores em geral. Quando aparecem os primeiros casos de AIDS, o governo tratou como uma doença desse nicho, que chamava de “quatro agás”: homossexuais, hemofílicos, haitianos e heroína.
Tragicamente, esse estereótipo pegou, chegando a ser chamado de “síndrome gay”; enquanto isso, heterossexuais, pacientes que demandavam transfusão de sangue e até mães lactantes eram afastados da discussão. Isso certamente piorou muito a gravidade da epidemia. À medida que a moralidade diminuiu, mais se transmitiu informação ao invés do vírus.
Isso é bastante visível na cultura da época, principalmente a cultura produzida por LGBTs. Confira adiante como!
Não é preciso falar muito do HIV para nos lembrarmos de vários artistas: tanto conhecidos como LGBTs, como Freddie Mercury, Cazuza e Renato Russo; como heterossexuais, como Magic Johnson e (mais recentemente) Charlie Sheen. Esses e outros vários artistas faleceram devido a complicações da AIDS, o que representava na cultura o que aconteceu com milhares de pessoas.
As milhares de pessoas que faleceram e o silêncio dos governos gerou um trauma para essa população. A mistura de incompreensão e preconceito marcaram fortemente vários artistas, que se angustiavam para poder expressar, mas tinham medo da marginalização.
Devido ao erro do passado, ainda hoje a população LGBT tenta afastar de si o rótulo da AIDS enquanto comunidade. Para isso, a militância sempre endossa campanhas de conscientização e a garantia de direitos. Conheça algumas iniciativas a seguir!
Sancionado pelo Senado, o Dezembro Vermelho é o mês da conscientização sobre a AIDS e as demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs, antes conhecidas como DSTs). Isso porque primeiro de dezembro é o dia internacional da luta contra a AIDS.
A militância LGBT foi uma das primeiras a lutar pelo fim da AIDS – afinal, sua população era estigmatizada devido a ela. Assim, nas paradas LGBT, a política de saúde sempre foi pautada. O Fecha a Santa na Parada é um exemplo de projeto que se alinha ao Dezembro Vermelho, buscando expandir e consolidar a Parada do Orgulho LGBT como espaço de luta e informação.
Além dele, projetos que discutem pautas da militância LGBT inevitavelmente contribuem para a desmistificação da AIDS. O Amor é Amor, por exemplo, mostrava como as relações homoafetivas existem são estáveis e, portanto, fogem do comportamento de risco.
No mês da luta contra a AIDS e da prevenção das ISTs, a palavra-chave é conscientização. Ajudar a circulação de informações e combater mitos e tabus é a nossa obrigação enquanto sociedade. Do contrário, só restará a impressão de estar a salvo, enquanto a ignorância propicia males saudáveis – e culturais – para a sociedade como um todo!
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