Conversamos com o Gustavo Ziller, um estimulador de cérebros, roteirista, aventureiro, criador de conteúdo e outras inúmeras coisas. Após escalar o Everest em uma temporada do seu programa 7CUMES no Canal Off, Gustavo voltou para casa e escreveu um livro sobre sua aventura.
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Para conhecer mais sobre o Gustavo Ziller e seu processo criativo, tivemos um bate papo exclusivo com o protagonista do 7CUMES.
Eu sou o Gustavo Ziller, estou com 47 anos e nesses anos eu passei mais tempo fora de Belo Horizonte do que propriamente em BH, agora estou balanceando, sou nascido em BH, mas já morei Rio de Janeiro, em Salvador, São Paulo, em Belém do Pará, lugar onde eu passei a maior parte da minha infância e morei também fora do Brasil. Acho que se contar todo esse tempo que passei fora, agora ele se equilibra com o tempo que estou em BH! Eu sou apaixonado por essa cidade e pelos empreendedores que aqui estão construindo seus negócios, suas startups, suas empresas, seus sonhos e memórias.
Nesses 47 anos, eu passei mais tempo ao lado da Paty do que sozinho, eu namoro com a Patricia desde os 14 anos de idade, começamos a namorar em 1989, confesso que isso é um privilégio, somos uma exceção da nossa geração porque estamos há muito tempo juntos e começamos a ter filhos cedo também; a Joana nasceu quando eu tinha 25, depois veio a Iara e, enfim, o Mateus.
Dentro dessa trajetória eu me formei em Publicidade e Propaganda, atuei como empreendedor na maior parte do tempo, mas também me aventurei como professor desde muito cedo, comecei dando aula de inglês na Cultura Inglesa em Belo Horizonte, depois migrei para a aula de Marketing em faculdades, dei aulas de empreendedorismo criativo, essa linha de aprendizado é algo que eu gosto muito e estou inserido desde os 20 anos. Além disso, eu tenho o projeto do 7CUMES, que é um projeto que visa escalar a montanha mais alta de cada continente, a gente está na sexta temporada que se passa no Everest, outro projeto super bacana que estou dentro é um investir em algumas empresas da indústria de proteína vegetal, eu me tornei vegetariano há uns 2 anos, meu vegetarianismo é um pouco mais profundo, atualmente eu só consumo ovo e pretendo largar. Pra mim, esse é um passo importante para a gente conseguir ajustar nosso ecossistema e mudança climática, o que faz com minha posição já tenha se tornado política também. E todos os nossos investimentos são em empresas e startups que nós conhecemos em função da nossa mudança de hábito.
Isso não acontece da noite pro dia, mas acontece de 2 maneiras; a primeira é a mais fácil, que é uma porrada da vida. No meu caso foi um desmaio no carro, eu estava dirigindo e comecei a passar mal, senti a minha visão turva, suadeira na mão, sensação de pânico e isso me levou a um desmaio. E foi uma situação dramática, eu poderia ter atropelado alguém, batido, machucado ou até mesmo falecido e não aconteceu essa coisa mais grave. Então essa ruptura, esse baque da vida é a forma mais fácil de mudar.
A segunda forma de mudar é muito difícil; é você querer se transformar! E aí exige muita consistência, muita disciplina, horas de terapia e por aí vai. Então no meu caso, não é uma história de superação, é uma história dramática. Eu fui diagnosticado com síndrome de burnout depois de um desmaio no trânsito e, eu sabia que eu estava todo errado, que meus exames clínicos eram dramáticos, eu tinha 37 anos de idade e no fundo você sabe que tem algo errado, mas você vai empurrando.. até que não dá mais, NOCAUTE. E aí foi o momento de virada, eu percebi que precisava mudar meus hábitos ou “ia dar merda”, a minha sorte é ter minha companheira, a Paty, ela além de ser foda, também foi minha catalizadora, meu chão e meu trampolim para essa mudança de vida.
E aí como é que a montanha surgiu? Também não foi da noite pro dia.. eu fui processando essa história da mudança e eu tenho um super amigo que é o Caio Vilela, ele vive mundo afora, conhece vários países, várias trilhas e sempre ficava me chamando; até o dia em que eu me convenci que eu tinha que ir pro Annapurna. Foi lá que eu percebi que eu tinha talento, que meu corpo se acostumava de forma correta e menos sofrida na altitude, que eu me adaptava bem aos locais e aí foi acontecendo. Como eu sou roteirista, eu tive a ideia do 7CUMES, e aí eu falei, vou escrever um roteiro e apresentar para um canal de TV, e foi aprovado pelo OFF. E aí eu comecei a me preparar para escalar montanhas, não foi da noite pro dia, mas foi acontecendo e eu estou aqui hoje.
A ideia do 7CUMES era justamente escalar a montanha mais alta de cada continente, uma em cada temporada. Lá no 7CUMES nós dividimos o continente americano em dois, assim apesar de serem 6 continentes, nós poderíamos ter 7 temporadas. O legal também é que cada montanha era um preparo para o Everest e com o tempo a ficha foi caindo e pude perceber que o momento estava chegando, eu precisava me preparar cada vez mais para esse desafio. E na primeira vez que tentamos fazer o Everest, em 2020 e não rolou pela pandemia, mudamos para 2021 e a pandemia começou a “amenizar” no Brasil e no Nepal, e nesse processo da ficha cair, uma hora me peguei dentro do avião indo escalar o Everest.
Eu sinto que essa foi a primeira temporada no Everest em que as pessoas conseguiram se conectar de forma mais próxima, muitos brasileiros se conectaram com a minha história e com a Aretha, a primeira mulher negra, latino-americana a chegar no topo do mundo, é uma história lindíssima. E além disso tinham outras pessoas muito fodas, muita gente que sabe produzir conteúdo com a gente e isso motivou as pessoas a entenderem mais sobre o esporte. O Everest é por si só, uma montanha que causa alvoroço, existe uma alegoria toda acerca do Everest, todo mundo sabe o que é o Everest e essa lenda em torno dessa montanha, junto com tanto criador de conteúdo bom, trouxe uma conexão muito boa. Isso tudo vai estar no livro!
Eu tinha uma expectativa que foi construída com algumas pessoas que já haviam escalado o Everest, também foi construída com muita leitura, documentários, filmes e isso me deu uma perspectiva muito boa, além disso eu já tinha ido ao Nepal duas vezes antes desse momento, da segunda vez eu fiquei bastante tempo na região do Everest, entendi a cultura local, mas na hora que cheguei lá isso foi levado a centésima potência, tudo que eu imaginei que pudesse acontecer, aconteceu em triplo.
Eu fiz o roteiro, escrevi um documento para apresentar para patrocinadores e um super amigo meu, o Erick, era diretor de comunicação da OI (a operadora) e me apresentou ao diretor executivo do Off e eu apresentei o roteiro, apresentei a ideia, ele ficou encantado e naquela tarde fechamos o 7CUMES e, quase 7 anos depois a gente escalou o Everest.
Ah, eu posso te dizer o que mais me marcou de cada montanha que eu escalei. Por exemplo, a primeira montanha que eu escalei, que foi o Aconcágua, o que me marcou foi ter contato com a grandiosidade que é uma expedição em alta montanha, então aquele mundo da montanha, dos acampamentos, do acampamento-base, aquilo me encantou. E o Aconcágua é uma montanha longa, você passa no mínimo 15-20 dias nela.
A segunda montanha que eu escalei foi o Kilimanjaro, o que me encantou, definitivamente, foi a cultura local. Os tanzanianos são incríveis, pensa num povo alegre, parece com a gente, gosta de cantar, fazer música, batucar, ali é um lugar que eu sempre volto. Depois que eu escalei o Kilimanjaro eu já voltei lá 3 vezes.
Depois disso eu escalei o Elbrus, lá na Rússia e, o que me impressionou lá foi o povo russo. Eu tinha um certo ideal dos russos, aqui no lado ocidental a gente vive de influência do eurocentrismo-estadunidense, então pra mim, russo era espião de filme de aventura, mas é um povo super gente boa, eu adorei conhecer os russos.
A escalada que fiz em seguida foi o Denali, no Alasca. O que me impressionou foi o quão inóspito alguns lugares do planeta ainda são, o Denali é um lugar que só pra chegar já é um trampo, vocẽ tem que ficar lá no mínimo 30 dias, não tem noite no verão do Alasca, sua fisiologia muda inteirinha e é uma coisa bem doida.
Depois eu fui para a Antártida, escalei o Monte Vinson e, na hora que a gente tocou o solo da Antártida naquele avião russo, eu falei: “cara esse avião vai furar o gelo” e aí que a gente vê o quanto o continente antártico é uma coisa surreal, aquilo me deixou impressionado.
E aí veio o Everest, que foi a exaustão mais bela que eu já senti na minha vida, o Everest foi a exaustão no sagrado, eu fiquei exausto fisicamente, psicologicamente e emocionalmente, no sagrado. E isso é uma coisa que poucas vezes na vida a gente sente, mas isso foi incrível.
Bom, o que eu gosto mesmo é de me conectar com o ser humano e contar história, isso é uma coisa que me realiza, então todos os projetos que eu realizo envolve gente e “cavucar” histórias legais. É o que eu faço no Beagá Invisível, um programa de rádio que garimpa projetos e histórias extraordinárias de Belo Horizonte, nas 9 regionais. É também, um pouco do que a Evoé faz, descobrir projetos e artistas incríveis de todo o Brasil. Isso é algo que eu faço nas palestras que eu dou, nas aulas de faculdade e, recentemente, fui convidado para dar uma aula magna na PUC, pro curso que eu me formei, isso me deixou tão feliz, então pra tudo que eu faço, eu levo essas minha paixão em contar histórias e trazer ideias.
Eu tenho uma técnica que eu costumo contar nas aulas que eu dou, que eu vou revelar pra Evoé agora! Eu tenho memória fotográfica pra algumas coisas e ela melhora muito quando eu vínculo cores com o que eu quero gravar, então hoje a minha agenda é toda colorida, porque cada cor significa uma caixinha que eu me dedico na vida.
Então, 7CUMES por exemplo, é laranja.
Palestras, aulas e workshops, é verde escuro.
Viagens ou compromissos mais distantes, a cor é azul escuro.
Beagá Invisível e rádio, é azul claro.
Gravações, é roxo.
Então eu vou vinculando todas as atividades que vou realizar com cores, porque através delas eu já sei uma série de coisas que preciso fazer pra aquilo fluir. E isso ajuda a diminuir minha ansiedade.
Todo mundo passa por bloqueio criativo e não tem jeito, a gente passa mesmo, só que de formas diferentes e em momentos diferentes. Eu sofria muito com isso, achava que não ia dar tempo, que não ia conseguir fazer e muitas coisas do tipo. Mas sabe o que eu fiz? Eu decidi não sofrer porque alguma hora eu iria resolver, e quando eu tenho esses rompantes criativos, isso se resolve em dias, entro num fluxo muito rápido das coisas novamente. Hoje não é um problema pra mim mais, eu dou um tempo, recuo e em algum momento, eu explodo e as coisas fluem.
Os últimos livros que eu escrevi foram todos sobre montanha, eu levo um caderno para as montanhas e anoto tudo usando um tipo de “mapa mental” eu anoto detalhes e momentos específicos que me fazem lembrar de coisas que preciso delongar no momento de escrita. Na hora de escrever, eu pego esse caderninho, leio as anotações, vejo as imagens e frames que anoto como importantes, converso com as pessoas que estiveram comigo e vou organizando a cronologia. É assim que funciona o meu processo criativo de escrita.
Eu tenho uma comunidade muito legal e bem engajada do 7CUMES, estamos juntos há bastante tempo, então a galera apoia, o pessoal se joga e isso é incrível. Então é uma oportunidade em que eu me apoio muito, então pra mim o financiamento coletivo é algo meio natural, a galera curte apoiar, eu já tive experiências com editora, é bacana, mas não é a minha primeira opção, eu sempre opto pelo Financiamento Coletivo.
Eu não me considero um mestre da tecnologia, das redes, etc. Eu acho que eu escrevo bem, eu produzo boas histórias, mas definitivamente eu ainda tenho muito pra aprender e, aprendo muito com a Evoé. Uma coisa muito bacana pra quem quer fazer campanha, é o suporte que vocês entregam, eu tenho a oportunidade de conversar com a equipe de vocês e isso me ajuda muito, as coisas vão fluindo assim. Outra coisa que eu faço é reservar uns valores mais altos para empresas, e aí eu entro em contato com as empresas no qual eu já tive envolvimento e parceria, isso é legal porque dá uma inflada no valor arrecadado e a galera se empolga, assim você fura a bolha.
Série: Atypical – Sam, um adolescente com traços de autismo, busca romance e independência. Sua decisão coloca sua mãe em um caminho de mudança de sua própria vida.
Filme: – Seaspiracy é um documentário de 2021 sobre o impacto ambiental da pesca, dirigido e estrelado por Ali Tabrizi, um cineasta britânico. O filme examina vários impactos humanos na vida marinha e defende o fim do consumo de peixes. É um filme que tem que assistir estando preparado, porque se você não mudar seus hábitos depois disso, algo está errado.
Playlist pessoal do Spotify: “Canções para chorar de felicidade”. É uma playlist de artistas brasileiros, artistas de cabeça jovem e uma playlist muito seguida.
Um Financiamento Coletivo: O MEU! Ou qualquer outro projeto da Evoé, porque são incríveis.
Um livro: A morte é um dia que vale a pena viver! – Ana Claudia Quintana
Pessoas para seguir: @pascalcampionart
Eu digo o seguinte, não espere um ataque cardíaco, um ataque de pânico, um AVC, depressão, ou até um desmaio no trânsito, para ter sua vida dentro de você. Não espere para ser a pessoa que olha pro seu passado com orgulho, pro presente com atenção e pro futuro com esperança, eu acho que dá pra gente fazer isso sem esperar um tapa na cara. Cuide do seu emocional, cuidado mental, atividade física, cuidar da alimentação, do sono e tal, isso não é papo de tiozão, é o papo que essa geração já começou a ter e é o que eu desejo pra todo mundo.
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