Da política ao ativismo, da ciência à arte, as mulheres latino americanas fizeram história.
Quando se pensa em mulher latina, uma grande referência que nos vêm à mente é Frida Kahlo. Sua história fascinante deu a volta ao mundo e conquistou um lugar cativo na cultura mundial.
Primeira mulher pintora que conseguiu a “proeza” na época de vender quadros para o Louvre. Participou de exibições em galerias parisienses. Questionou padrões de beleza hollywoodianos. E assim criou fama, tocou milhares de corações com seus autorretratos extremamente francos e belos.
Frida não é a única mulher a ter um papel relevante na história latino americana. Personalidades como Evita Perón marcaram uma era. Foi a primeira na América Latina a se candidatar, em 1951, para a vice-presidência da Argentina. Evita recorreu à diferença para se inserir no cenário político sem pôr em questão, inicialmente, a divisão dos âmbitos masculinos e femininos. Já Frida construiu um percurso que inicia pelo reconhecimento das próprias raízes e termina com o direito a participar e a estar politicamente presente na comunidade. A política para Evita e a arte para Frida constituem a chave de entrada em espaços tradicionalmente masculinos.
Tratam-se de mulheres de várias camadas sociais, principalmente humildes, crescidas no respeito da autoridade social e patriarcal, e nada mais do que com o desejo de uma vida cotidiana normal.
Política para elas, está atrelado ao pessoal. Se inserem na política de forma espontânea. Os frutos são trabalhos políticos e sociais de incrível lucidez, eficiência e eficácia, que serão sementes sobre a qual se consolidará não só a democracia atual dos países da América Latina, mas também do feminismo.
O estereótipo da mulher latina de sangue quente não é pra menos. A história nos mostra o quanto a mulher sofreu – e ainda sofre – com a desigualdade de gênero. Para especificamente a mulher latina, viver em um mundo machista atrelado à problemas sociais de terceiro mundo, fez sua força se intensificar.
Histórias de luta e superação dizem muito sobre a personalidade forte dessas mulheres. E para aprender um pouquinho mais, listamos aqui algumas mulheres que fazem jus ao “sangue quente” e são exemplos não só no continente americano, mas sim para o mundo.
Rigoberta nasceu em Uspantán em 1959 e é uma indígena guatemalteca do grupo Quiché-Maia.
Foi agraciada com o Nobel da Paz de 1992, pela sua campanha pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas, sendo Embaixadora da Boa-Vontade da UNESCO e vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional.
Foi candidata à Presidência da Guatemala no partido político Encuentro por Guatemala (EG), de ideologia esquerdista, nas eleições gerais de 9 de setembro de 2007.
Manuela Sáenz Thorne foi uma revolucionária que lutou para a independência das colônias sulamericanas da Espanha, ao lado de Simão Bolívar.
Durante a Revolução Mexicana, as combatentes femininas conhecidas como soldaderas entram em combate ao lado dos homens, apesar de elas frequentemente enfrentarem abusos. Uma das mais conhecidas das soldaderas foi Petra Herrera, que se disfarçou de homem e passou a se chamar “Pedro Herrera”. Como Pedro, ela estabeleceu sua reputação ao demonstrar liderança exemplar e terminou por se revelar como mulher. Ela participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo aclamada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada composta só de mulheres.
Blanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Ela foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya. Em 1948, uma severa lei de restrição, conhecida como a Lei da Mordaça, ou Lei 53, em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material que tencionava paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas passaram a planejar uma revolução armada. Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas agüentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.
A maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.
Baiana de Paulo Afonso, Maria Bonita fez fama ao lado de Lampião na luta dos cangaceiros por terras e justiça social. Maria Bonita, fugiu de seu casamento forçado para se juntar ao cangaceiro e morreu em combate em Recife. Até hoje é lembrada por sua força e coragem.
Do Piauí vem a primeira política trans eleita do Brasil. Obstinada, Kátya é um símbolo para a comunidade Transgênero brasileira e para sua comunidade de Oeiras (PI). Além de vereadora Kátya também é parteira, profissão com risco de extinção no Brasil. Em 2012, Kátia o filme foi lançado, narrando a vida dessa representante.
Hoje, mais mulheres têm acesso à educação, emprego e oportunidades. Mas o que se noticia é:
“Os salários das mulheres afrobrasileiras são inferiores aos pagos aos homens e às mulheres brancas.”
“O salário é muito inferior ao dos homens.”
“Mais educação não significa maior participação no mercado de trabalho.”
“Aumento no número de homicídios se concentrou entre as mulheres negras e indígenas.”
“A representação feminina na política ainda é baixa.”
“A gravidez precoce ameaça as mais pobres.”
Homens e mulheres devem refletir sobre pequenas ações do dia a dia que acirram a desigualdade. Não é um se sobrepor ao outro. Mas dois andando lado a lado.
A força da mulher latina deve ser rememorada. Mulheres incríveis que galgaram seu espaço na comunidade nos inspiram a continuar a lutar contra desigualdades que não devem ser apenas um incômodo. Mais do que revelar desigualdades é preciso ousar. Mais do que inserir as mulheres na história, é preciso fazer a própria história.
A Evoé acredita nesse potencial e dá todo apoio às mulheres que querem traçar a própria história. Compartilhe com outras mulheres suas ideias! Apoie e/ou crie um projeto na Evoé!
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