Como uma filosofia nascida no coração da África pode ter influenciado a alta tecnologia?
A filosofia africana ubuntu inspira a essência da economia compartilhada, uma nova economia que se contrapõe à economia tradicional da competição. Se sustenta nos pilares da solidariedade, colaboração, da preocupação com o próximo. É a ideia de que a minha felicidade está diretamente conectada à sua; só é bom, se for bom pra mim e pra todo mundo.
Essa filosofia está profundamente ligada à ideia de conectividade. “Sou o que sou graças ao que somos todos nós”. É a inteligência coletiva e distributiva, a cooperação da comunidade, é o todo que ultrapassa em muito, o simples somatório de cada um.
Filosofia africana inspira nova economia e novas tecnologias ao valorizar o colaborativo e compartilhamento.
Ubuntu virou o nome de um sistema operacional, de código aberto, construído a partir do Linux, justamente porque está baseado na ideia do software livre, construído pela multidão colaborativa.
É a tecnologia de ponta dialogando com as tecnologias sociais. Ubuntu está ligado também à ideia da luta contra o apartheid na África do Sul. No âmbito político, a ideologia estava diretamente ligada à luta contra o regime que excluía a cidadania e os direitos dos negros africanos.
O conceito se esparramou também para o campo econômico, influenciando a nova economia. Um contraponto ao consumismo individualista; o consumo compartilhado, responsável e sustentável, sem desperdício. Usar apenas aquilo que necessita e na exata medida que não vá faltar pra ninguém.
E essa sharing economy (economia compartilhada), muito ao contrário do que possa parecer, é muito mais eficiente do que a economia competitiva, pois o uso e o consumo ubuntu se dão na mais perfeita proporção da estrita necessidade de cada um, nem mais, nem menos. Trocamos a austeridade econômica, pela mais pura eficiência da solidariedade.
A economia do compartilhamento não é a economia de alguns, mas de todos, da multidão produtora e consumidora ao mesmo tempo. Não é poder, mas contrapoder, potência.
O crowdfunding é o financiamento dos projetos da comunidade pela própria comunidade em rede. Inteligência e solidariedade plugadas, co-paixão na veia. Sem governo, sem políticos, sem grandes empresas. Milhões de andorinhas fazendo o verão de todos.
Se você quiser se aprofundar no assunto, a africana Getrude Matshe, dá um show nesse TED aqui:
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